Criança gosta de brincar, fazer caretas e até mesmo, de vez em quando, revirar os olhos. Essa é uma das dúvidas muito comuns nos consultórios dos oftalmologistas: será que faz mal? “Entortar” os olhos pode causar algum problema de visão? O Dr. Cláudio Domingues, Oftalmologista do COP – Centro Oftalmológico Perdizes, garante que não: “A criança saudável tem os músculos dos olhos fortes e resistentes, e nenhuma brincadeira desencadeia estrabismo. Essa é uma condição congênita, geralmente hereditária, ou seja, a criança já nasce com ela”.
Aqui, no entanto, cabe um alerta: o estrabismo é um assunto sério e, quanto mais cedo for detectado, maiores são os prognósticos de correção. Na visão ideal, os dois olhos precisam estar paralelos e, de forma conjunta, focados no mesmo ponto. No caso do estrabismo, o cérebro desconsidera a imagem do olho afetado, e o paciente, na prática, enxerga apenas com o olho saudável. Se essa situação persistir, o olho estrábico pode ficar com a visão irremediavelmente comprometida. Essa também pode ser uma das causas da ambliopia, conforme já explicamos aqui neste outro artigo.
Em geral o estrabismo se mostra bastante evidente, mas, em casos raros, podem ocorrer microestrabismos, só detectados na consulta com o Oftalmologista. Por isso é fundamental agendar consultas anuais, de preferência a partir dos dois anos de idade e, claro, sempre que os pais observarem situações não usuais, como, por exemplo, dor de cabeça, olhos comumente franzidos, irritados, ou quando a criança tropeça, esbarra com frequência, ou demonstra dificuldade para enxergar mais longe.
No mais, pode deixar sua criança brincar e fazer caretas à vontade: esse é um dos sinais de que ela é feliz e saudável.